O caça-minas
Augusto de Castilho
Estátua do 1º Tenente Carvalho Araújo em Vila Real
No dia 13 de Outubro de 1918, com a 1ª Guerra Mundial quase no fim, o caça-minas Augusto de Castilho, recebe a missão de escoltar o vapor S. Miguel, com mais de duzentas pessoas a bordo, do Funchal para Ponta Delgada, tendo partido ao pôr do sol.
Pouco depois das seis da manhã do dia 14, o submarino alemão U-139 ataca o S. Miguel, numa manobra ousada o comandante do Augusto de Castilho, 1º Tenente Carvalho Araújo ordena que o caça-minas avance directamente sobre o inimigo, atraindo o seu fogo e permitindo que o S. Miguel se escape. Após duas horas de combate, o caça-minas, sem munições e sem máquinas rende-se, entre os mortos estava o seu comandante Carvalho Araújo, mas o seu sacrifício não fora em vão: mais de duzentas vidas haviam sido salvas.
O melhor testemunho que pode ser dado desse dia vem da boca de Lothar von Arnauld de la Perière, comandante do U-139 e um dos maiores ases dos submarinos alemães:
"Era uma antiquada e mísera canhoneira, sem peças capazes de competirem com as nossas, e tinha uma guarnição por metade da do nosso navio. Eu nunca vi luta mais valente do que a sustentada por aquele velho calhambeque. Os portugueses combatiam como diabos, atirando granadas umas atrás das outras, de umas peças de brincar, enquanto nós os varríamos de popa à proa. Catorze dos quarenta homens da guarnição jaziam mortos no convés, e a maior parte dos restantes encontraram-se feridos antes que o barco se rendesse."
Honra aos heróis de Portugal!