Uma das questões que por vezes se levantam na chamada "Área Nacional", é a do porquê de estarmos tão atrasados em relação aos movimentos congéneres europeus e ainda mais atrasados em relação à extrema-esquerda. A primeira das razões é a mentalidade prevalecente na "Área", a segunda são os métodos de luta utilizados (estes decorrentes da mentalidade reinante).
Pois bem, já repararam nesta obsessão que o nosso pessoal tem por partidos e pela política "mainstream"? Não que um (ou mais) partido não seja importante, mas é-o na medida em que permite participar em campanhas e aceder a tempos de antena, um partido é um meio, nunca um fim, desenganem-se todos aqueles que acreditam que vamos tomar o poder pela via eleitoral, os exemplos do Vlaams Blok (ilegalizado) ou do MSI (transformado em Aliança Nacional e que recentemente assumiu que é democrata e multiculturalista, deixando finalmente cair a máscara) são indicadores perfeitos do que irá acontecer se um partido dos "nossos" se esticar muito, enquanto esta mentalidade não mudar e não começarmos a investir noutros campos, bem podem tirar o cavalinho da chuva, pois não iremos a lado nenhum, embora, como já referi, um partido tenha um papel importante a desempenhar.
A segunda razão prende-se com os métodos de luta, como também já referi, decorrentes da mentalidade. Estando limitados apenas à acção eleitoral de rua, colando cartazes e autocolantes, distribuindo panfletos, etc... (este vosso humilde escriba é um veterano dessas acções, pelas minhas mãos passaram milhares de cartazes, autocolantes e panfletos das mais diversas organizações da "Área"), perdemos a capacidade de intervir cívica e culturalmente. Senão vejamos, podemos odiar a extrema-esquerda, as suas ideias, mas os seus métodos de luta são extremamente eficazes: ontem um concerto, hoje uma conferência de imprensa de uma qualquer plataforma anti-isto ou pró-aquilo, amanhã a apresentação de um livro de culinária anarquista, etc, etc... Resultado: o BE tem conseguido capitalizar o descontentamento gerado pela inépcia do regime.
Durante as décadas de 40, 50 e 60, em pleno Estado Novo portanto, a esquerda pacientemente infiltrou o aparelho cultural da sociedade portuguesa, o resultado foi o que se viu: 200 magalas em cima de montes de sucata fizeram cair o Império sem que se esboçasse resistência. Porquê? Porque contaminada a mentalidade do povo, tal como uma maçã podre, a queda era uma questão de tempo.
Então, e citando Lenine, que fazer? Precisamente imitar os métodos de luta da extrema-esquerda, levando o combate ao campo cultural, apresentando livros, constituindo plataformas ou comités para este ou aquele objectivo localizado, participando nas lutas locais da população por melhorias nas infraestruturas, etc, etc... as possibilidades são infinitas, e um dos melhores exemplos vem da Casa Pound em Itália. Lembram-se do caso do aborto? O primeiro referendo recusou a liberalização, então a esquerda com a paciência que lhe é característica, o que fez? Com a cumplicidade da comunicação social (outro bom exemplo da sua infiltração), apresentou as mulheres que matavam os seus próprios filhos, como mártires da sociedade, fez campanha atrás de campanha, pressionou, exigiu, e passados alguns anos, conseguiu um novo referendo em que finalmente o assassinato de crianças inocentes foi legalizado (o patronato agradece, não tem de pagar salários maiores para as pessoas poderem sustentar os filhos). Querem melhor exemplo? Eles precisaram de ganhar alguma eleição? Não, apenas trabalharam para impor as suas ideias na sociedade.
De certa forma isto faz lembrar a história da cigarra e da formiga: a esquerda trabalha pacientemente, incansavelmente (neste sentido, e apenas neste, podem reclamar-se da classe trabalhadora) e neste inverno que agora atravessamos estão quentinhos na sua toca a gozar os frutos do seu trabalho. Quanto a "nós", tal como a cigarra, passamos o verão a tocar violino (leia-se: campanhas eleitorais e umas manifs no 10 de Junho ou no 1 de Dezembro), e esquecemo-nos do trabalho básico, espera-nos um inverno muito difícil.
Que estas linhas, apesar de inevitavelmente irem cair em saco roto, sirvam para indicar a luz ao fundo do túnel.
Pois bem, já repararam nesta obsessão que o nosso pessoal tem por partidos e pela política "mainstream"? Não que um (ou mais) partido não seja importante, mas é-o na medida em que permite participar em campanhas e aceder a tempos de antena, um partido é um meio, nunca um fim, desenganem-se todos aqueles que acreditam que vamos tomar o poder pela via eleitoral, os exemplos do Vlaams Blok (ilegalizado) ou do MSI (transformado em Aliança Nacional e que recentemente assumiu que é democrata e multiculturalista, deixando finalmente cair a máscara) são indicadores perfeitos do que irá acontecer se um partido dos "nossos" se esticar muito, enquanto esta mentalidade não mudar e não começarmos a investir noutros campos, bem podem tirar o cavalinho da chuva, pois não iremos a lado nenhum, embora, como já referi, um partido tenha um papel importante a desempenhar.
A segunda razão prende-se com os métodos de luta, como também já referi, decorrentes da mentalidade. Estando limitados apenas à acção eleitoral de rua, colando cartazes e autocolantes, distribuindo panfletos, etc... (este vosso humilde escriba é um veterano dessas acções, pelas minhas mãos passaram milhares de cartazes, autocolantes e panfletos das mais diversas organizações da "Área"), perdemos a capacidade de intervir cívica e culturalmente. Senão vejamos, podemos odiar a extrema-esquerda, as suas ideias, mas os seus métodos de luta são extremamente eficazes: ontem um concerto, hoje uma conferência de imprensa de uma qualquer plataforma anti-isto ou pró-aquilo, amanhã a apresentação de um livro de culinária anarquista, etc, etc... Resultado: o BE tem conseguido capitalizar o descontentamento gerado pela inépcia do regime.
Durante as décadas de 40, 50 e 60, em pleno Estado Novo portanto, a esquerda pacientemente infiltrou o aparelho cultural da sociedade portuguesa, o resultado foi o que se viu: 200 magalas em cima de montes de sucata fizeram cair o Império sem que se esboçasse resistência. Porquê? Porque contaminada a mentalidade do povo, tal como uma maçã podre, a queda era uma questão de tempo.
Então, e citando Lenine, que fazer? Precisamente imitar os métodos de luta da extrema-esquerda, levando o combate ao campo cultural, apresentando livros, constituindo plataformas ou comités para este ou aquele objectivo localizado, participando nas lutas locais da população por melhorias nas infraestruturas, etc, etc... as possibilidades são infinitas, e um dos melhores exemplos vem da Casa Pound em Itália. Lembram-se do caso do aborto? O primeiro referendo recusou a liberalização, então a esquerda com a paciência que lhe é característica, o que fez? Com a cumplicidade da comunicação social (outro bom exemplo da sua infiltração), apresentou as mulheres que matavam os seus próprios filhos, como mártires da sociedade, fez campanha atrás de campanha, pressionou, exigiu, e passados alguns anos, conseguiu um novo referendo em que finalmente o assassinato de crianças inocentes foi legalizado (o patronato agradece, não tem de pagar salários maiores para as pessoas poderem sustentar os filhos). Querem melhor exemplo? Eles precisaram de ganhar alguma eleição? Não, apenas trabalharam para impor as suas ideias na sociedade.
De certa forma isto faz lembrar a história da cigarra e da formiga: a esquerda trabalha pacientemente, incansavelmente (neste sentido, e apenas neste, podem reclamar-se da classe trabalhadora) e neste inverno que agora atravessamos estão quentinhos na sua toca a gozar os frutos do seu trabalho. Quanto a "nós", tal como a cigarra, passamos o verão a tocar violino (leia-se: campanhas eleitorais e umas manifs no 10 de Junho ou no 1 de Dezembro), e esquecemo-nos do trabalho básico, espera-nos um inverno muito difícil.
Que estas linhas, apesar de inevitavelmente irem cair em saco roto, sirvam para indicar a luz ao fundo do túnel.